quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Grandes mulheres latino-americanas: Iara Iavelberg

 Por trás de um rosto gentil e belo, o amor pela liberdade... o que caracterizou Iara, foi sua combatividade, persuasão e a entrega de sua vida a luta, com armas nas mãos, e com a certeza no coração de que trilhava um duro caminho, mas que terminaria em um belo horizonte, do qual ela não viu, a democracia avançaria em sua vitória graças a mulheres como ela.
 Iara Iavelberg nasceu em São Paulo no dia 7 de Maio de 1944, era professora, psicóloga e integrou primeiramente a Organização Revolucionária Marxista Política Operária (POLOP), e depois o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).
  Filha de família judia, aos 16 anos já estava casado com Samuel Halberkon, três anos depois se separou para ingressar na militância política. Relacionou-se com "Zé" Dirceu enquanto militava no movimento estudantil, cuidava de sua beleza e chegou a ser considerada a "musa dos estudantes de 60".
Iara e seu companheiro Carlos Lamarca em treinamento
  Ainda nas fileiras estudantis, Iara conheceu o marxismo, militando no MR-8 conheceu Carlos Lamarca, comandante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), dois meses depois de ele desertar do Exército Brasileiro em 1969. A paixão entre a filha de milionários, e do filho de um sapateiro carioca foi fulminante, quem testemunhou de perto a relação dos dois foi "Vanda", codinome usado por Dilma Roussef, nossa presidente.
  Em 70 começaram os treinamentos militares no Vale do Ribeira, onde Iara dava aula de teoria marxista aos guerrilheiros. Nos primeiros meses de 1971, a maioria das organizações de esquerda já estavam desarticuladas e semidestruídas, e os restos da VPR juntaram-se ao MR-8. 
  Na nova organização, Iara, intelectual, teve um cargo de cúpula e Lamarca, considerado mais despreparado pela nova direção, foi rebaixado a militante de base, enviado para o interior da Bahia, enquanto a mulher deveria se estabelecer em Salvador.
  A viagem, em junho de 1971, de Iara e Carlos Lamarca do Rio de Janeiro para a Bahia foi a última vez em que estiveram juntos, antes da morte de ambos. A combativa Iavelberg tombou em 20 de Agosto de 1971, oficialmente havia atirado na própria cabeça após estar cercada por agentes que foram até Salvador para lhe capturar, mas militantes e populares dizem que ela foi levada até o DOPS local, onde foi torturada até a morte.
  A família em 1996 pediu exumação do corpo que foi entregue embalsamado um mês após o assassinato, em caixão lacrado e proibido de ser aberto pelos militares. Foi enterrada próximo a um muro na ala dos suicidas no Cemitério Israelita de São Paulo, de costas para a área central e longe do túmulo de seu pai Davi Iavelberg, já que a lei judaica reprime fortemente o ato de tirar a própria vida.
  Em 2003 a conquista, a família não exigiu indenização, só queria guardar os restos mortais de Iara com sua devida dignidade, já que não acreditavam na versão do Ministério da Marinha. Uma brava mulher latino-americana, resistente na Ditadura Militar brasileira, presente aqui e nas lutas de nosso povo!

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